Professor de inglês aprende Libras e ensina língua para surdos em Jundiaí

28/01/2017 23:40

Leandro Ferreira Rios diz que as aulas melhoram autoestima dos alunos. Apesar da familiaridade com os sinais, professor diz que a ‘missão’ é difícil.

Professor e diretor de uma escola de idiomas em Jundiaí (SP), Leandro Ferreira Rios não imaginou que poderia mudar a vida de tantas pessoas ao fazer um curso da Língua Brasileira de Sinais (Libras), em janeiro de 2015. Interessado pelo tema após ver um amigo atuar como intérprete em uma universidade da região, ele aprendeu a língua durante todo o ano passado e hoje usa o método para ensinar inglês a jovens com deficiência auditiva.

“Coloquei na cabeça que posso capacitar um surdo na língua inglesa. O meu primeiro aluno deficiente conseguiu até emprego depois de começar as aulas comigo. Não vou dizer que foi unicamente pelo idioma. Mas esse é um diferencial. Ajuda no currículo”, destaca.

Apesar da familiaridade com a língua de sinais, Rios diz que é difícil ministrar as aulas utilizando Libras e afirma precisar dar sempre uma olhada nas apostilas do curso para conseguir ensinar inglês aos alunos com deficiência auditiva. “Dou uma relembrada no alfabeto para surdos antes de cada aula e falo bastante com esse aluno. O método de ensino da escola é baseado na discussão. Às vezes preciso soletrar as palavras em português para eles assimilarem. Mas isso não é problema”, diz.

Alunos em acampamento promovido pela escola de idiomas
Alunos em acampamento promovido pela escola de
idiomas

Alcançável
Localizada na Ponte São João, a escola de idiomas tem cerca de 70 alunos. Desses, menos de 1% são estudantes com algum tipo de deficiência auditiva. Segundo o professor, o número ainda é baixo porque nem todos sabem que aprender inglês já é uma possibilidade.

“O aluno com deficiência ainda enxerga o idioma como algo inalcançável. Não digo ‘inacessível’, porque não depende de dinheiro, mas da possibilidade de ensino. Hoje ela existe. É um sonho realizado para eles e também para mim”, afirma.

Rios descreve o método como parte do objetivo de toda uma vida que, segundo ele, começou com a abertura da unidade, em 2013. Professor de inglês há mais de 17 anos, ele atuou em outras franquias e diz só ter conseguido se arriscar nesse tipo de projeto ao inaugurar o próprio negócio.”Sempre quis trabalhar do meu jeito e nas outras escolas, não conseguia. Você fica um pouco preso ao método quando é franquia. Sei o que é alcançar um objetivo grande. Me identifico com esses alunos”, reflete.

De acordo com o professor, os alunos com deficiência podem atingir a fluência no idioma, o que ajuda surdos não apenas a melhorarem suas atuações profissionais, como também a própria autoestima. “Eles vão saber que, se conseguem estudar outro idioma, por exemplo, poderão fazer qualquer coisa. Essa já é uma possibilidade”, destaca.

Fonte: Surdos On-line